🚲MEU GUIA DE CICLOTURISMO🚲



PARA QUE SERVE O CONHECIMENTO? 

Em dezembro de 2018 realizei duas viagens de bicicleta: a "Tradicional Descida à Santos-SP" (70 km, foto abaixo) e percorri trechos do "Circuito Vale Europeu-SC" (60 km). Depois dessas experiências, resolvi registrar e atualizar nesta página ideias, equipamentos, pessoas, lugares, livros, dicas etc... que recebi e vivi.

Para quem quiser viajar, o mais difícil será sempre o primeiro passo.

No meu caso, foi definir o objetivo ("conhecer algo novo", "meditar e pedalar") e partir para a ação. Comecei a seguir sites e redes sociais sobre o assunto - listadas lá em embaixo. Também frequentei palestras de viajantes e conversei com quem conseguiu vencer a inércia e finalmente sair.

As informações se destinam a quem quiser experimentar um pedal diário de 20 km/dia, de no máximo sete dias fora de casa, com previsão do tempo favorável, em asfalto e pista de terra seca, e sobre uma bicicleta brasileira híbrida (pneu misto). E no meu caso, principalmente andar sem pressa.

Uma das belezas do cicloturismo talvez seja ver muito com pouco. E se estiver chato, pedala...

Boas viagens!
🚲


Para mim, onde tudo começou: São Paulo-Santos 2018. Espero sempre voltar.


QUAL BICICLETA?

O melhor conselho vem de Juliana Hirata, idealizadora da expedição Extremos das Américas:

"A MELHOR É A SUA!"


Antes de sair comprando 200 equipamentos, invista em uma boa revisão da sua companheira - preferencialmente em uma bicicletaria de confiança ou no espaço dos voluntários do Mão na Roda paulistano. Se algo estiver torto ou faz barulho, comece por aí. Hora de rever quadro, selim, sistemas de cabos e freios, transmisão-pedais-câmbio-corrente, alinhamento das rodas e pressão nos pneus.

Gaste um tempo para ajustar a altura do banco, distância do pedal, guidon, uso de espelhos, inclinação do banco. Como se diz, fazer o "fit". Também vale reservar algum tempo para testar o conforto do conjunto na rua.

Em tempo: Faça exames médicos e se prepare fisicamente... Se algo estiver doendo ou frágil (costas, pulsos, joelhos, fôlego),  vai piorar pelo esforço repetitivo. Eu nado, faço alongamento e pedalo ao trabalho em dias alternados.


Kit fundamental para sair  (verão brasileiro, versão 1.0 - ainda não sai no inverno):

- Bagageiro traseiro (o meu aguenta até 25 kg)
 Alforge: duas bolsas laterais de 15 litros/cada para rodar por uma semana, se tiver hospedagem. Melhor se tiverem encapadas para proteger da chuva ou poeira.
- Roupa: precisa caber em um saco rolo (ou caixa estanque). Evite sacos de supermercado!
- 2 garrafas de água 600 ml (equivale a 2-3 horas de autonomia). Se desconfiado, leve cloro em gotas.
- 2 câmaras de ar, sabendo que a troca do pneu dianteiro mais fácil que o de trás. Treine a troca.
- Óculos de sol com lentes UV e armação em plástico: melhor se for quebrável em caso de queda.
- Luvas sempre, com dedos abertos seca mais rápido.
- Boné anti UV, com proteção da nuca e orelhas (vai ficar bonito como o personagem Chaves)
- Encharpe ou lenço para proteção solar e da garganta.
- Luz dianteira branca e traseira vermelha, com cabo USB e adaptador de tomada.

(Ideal: ferramentas, primeiros socorros, higiene, roupas, lazer... em alforges de 10 kg no máximo! 😅)

Para casos de emergências...
- Capa de chuva ou poncho
- 2 cordas elásticas com ganchos
- Colete refexivo (corta vento)
- Bomba de ar portátil
- Câmara de ar (2)
- Fita helerman/lacre (P, M e G)
- Silver tape
- Papelão para preencher o disco dianteiro (veja a parte que fala de "ônibus")
- Kit antifuro com espatulas giz, lixa, cola, remendo, adaptador bomba
- Luzes pisca-pisca extra
- Protetor solar extra
- Loção hidratante em pequeno frasco
- Shampoo em pequeno frasco
- Caixa com sabonete/sabao de coco cortados
- Tubo com creme para assaduras
- Pregadores de roupa
- Repelente de insetos cremoso
- Toalhas umedecidas
- Saco para roupas sujas

Bolsa no tubo central 
- Suporte para celular
- Bronzeador 60
- Barras de cereais, biscoitos, Nutella (sugestão da colega Paula Takada)

Capacete?
- Não é obrigatório no Brasil. Usa quem quiser proteção para correr na estrada ou trilha de MTB. Usei na descida de em Santos mas não levei para Santa Catarina... Se você ver sites americanos, sempre aparece. Na Europa e na Ásia, raramente.

Ônibus
- As bicicletas são cada vez mais aceitas no transporte entre cidades! Recentemente usei veículos das empresas do grupo JCA (1001, Cometa, Catarinense) e eles escrevem no site as seguintes informações sobre "Transporte de Bagagem":

Limite no bagageiro
No bagageiro você pode transportar bagagens de até 30 kg de peso, 350 decímetros cúbicos (1,30 metros) de volume ou um metro de dimensão máxima. É seu direito receber os comprovantes desses volumes. Volumes pequenos e de fácil acomodação podem ser levados no porta-embrulho.

Transporte de bicicleta
O peso máximo para transporte no bagageiro é de 30 kg, o suficiente para uma bicicleta mais bagagem média. Já a dimensão máxima é de 1,30 metros e o cumprimento de uma bicicleta com rodas é de aproximadamente 1,80 metros.

Porém, sem as rodas, a bicicleta medirá 1,20 metros. Ou seja, o suficiente para ela seguir no bagageiro. Exemplo de cálculo:
  • Largura: 37 cm (guidão virado, sem remover pedais)
  • Altura: 82 cm (rodas removidas, ao lado da bike / ou selim removido)
  • Comprimento: 115 cm (rodas ao lado da bike) 
  • (37 x 82 x 115) / 1000 = 350 decímetros
Ou seja, dá para levar! Consulte o site e imprima a página relacionada às bagagens antes de comprar sua passagem na companhia de sua preferência. Pode ser que você encontre resistência de motoristas ou auxiliares que desconhecem essa prática, mas OK... o mais importante amarrar com ganchos elásticos para a bike não ficar dançando no bagageiro - cuidado com câmbio traseiro, disco dianteiro, corrente...

Difícil é transportar sem amassar-quebrar-arranhar algo. Ao tirar a roda dianteira, isole a pinça de disco com um pedaço de papelão para não travar o freio durante o movimento do ônibus. Talvez ajude embrulhar câmbio com jornal e fita crepe para proteger o essencial (a testar).

BICICLETÁRIO
... ou busque um lugar fechado (garagem, quarto, bicicletário), preferêncialmente com câmeras.

Na cidade de São Paulo, quase todo Shopping tem bicicletário gratuito, além de unidades do Sesc e pontos importantes como grande lojas na Avenida Paulista, por exemplo. É a Lei nº 13.995, de 10 de junho de 2005, a saber:

Art. 1º Fica estabelecida a obrigatoriedade de criação de estacionamentos para bicicletas em locais de grande afluxo de público, em todo Município de São Paulo.

Art. 2º Para fins desta lei entende-se como locais públicos de grande afluxo os seguinte estabelecimentos:

a) órgãos públicos municipais;
b) parques;
c) shopping centers;
d) supermercados;
e) instituições de ensinos públicos e privados;
f) agências bancárias;
g) igrejas e locais de cultos religiosos;
h) hospitais;
i) instalações desportivas;
j) museus e outros equipamentos de natureza culturais (teatro, cinemas, casas de cultura, etc.); e
k) indústrias.

Sem esquecer de usar seus cadeados. Não existe ideal, mas ajuda se levar diferentes sistemas como trava em Utrava de moto e outro com senha numérica.

Tenho certeza que aqui irá uma legenda muito boa para acompanhar essa foto

PESSOAL

- Caderno e lapiseira para fazer um Diário (e também backup do maldito bendito celular).
- Celular e cabo. Não se esqueca o backup. Não perdi meus dados, mas deu um bom susto quando parou de funcionar por conta do calor de 40º C de Blumenau -SC no verão.
- Aplicativos: usei muito Maps, Airbnb, Whatsapp, Spotify em 2018. (Des)confie do Google Maps em pistas duplas e cruzamentos, pois ele pode mandar você para uma enorme volta no quarteirao , tudo pela "segurança" de não cruzar à esquerda e cortar caminho.
- Carregador Portátil (Power Bank)
-  Caixa (ou estojo) impermeável, preferência ao usado por pesacaores, com três fechos.
- Carregador USB + tomada + fone de ouvido + músicas baixadas
- Kindle com livros, talvez sem a capa para diminuir o peso.
- Envelope plastico com contato de emergência (nome e telefone) e dinheiro trocado reserva
- Apito com cordão
- Band-aid (12)
- Repelente
- Escova/pasta/fio dental
- Playlists variados (agitadas e calmas) e já copiados, com músicas


Roupas
- Toalha pequena (né, Douglas Adams?)
- Pijama
- Casaco de frio
- 2-3 camisetas
- 2-3 cuecas
- 1 calça
- 2-3 camisas manga longa FPS 50 (corredor ou pescador)
- 2-3 bermudas (cuidado com o excesso de costuras LÁ mesmo onde vai doer)


Carteira
- documento identidade
- dinheiro trocado
- cartao debito credito
- bilhete unico
- cartao de saude
- imagem de santo protetor (se tiver)


Mais do que as distâncias, leve em conta no roteiro as subidas e diferenças de altitude para sair de uma cidade a outra.

LEMBRETES
- Usar sandália de tiras/papete um tamanho acima ajuda a manter os pés secos com segurança.
- Evite rodovias com caminhões, vias rápidas, viadutos sem acostamento. Além da velocidade dos carros, podems ser lugares muito sujos ou piso mal conservado.
- protetor auditivo de borracha para dormir melhor
- mascara/tapa olhos preto

POR FIM (?)
- EM caso de hoteis/pousadas etc, revise suas reservas para coincidir com horario das saida e novas chegadas
- Revise suas anotações
- Revisão, lavagem e lubrificação da bicicleta antes da próxima saída.
- Saiba que viajante de bicicleta chama (muito!) a atenção. Esteja aberto a conversas (e buzinadas também).


Os modelos de bicicletas se diferenciam muito, examine o seu modelo para ver semelhanças e descobrir o que muda


REFERÊNCIAS

 Há vários sites e comunidades de ciclo+turismo. Algumas recomendações:


LIVROS


"Diários de Bicicleta"

David Byrne 

O vocalista da banda Talking Heads resolveu publicar suas anotações de viagem, muitas delas feitas em bicicleta. Oportunidade para dar um rolê e saber mais sobre a vida em Nova York, Buenos Aires, Berlim, Istambul e São Francisco. Muito interessante a parte sobre a capital filipina Manila.






Fernando Carril é paulistano-parmerensi-pagliacci em duas rodas. Contato por Email: fernando @ carril.com.br